Uma amiga explica-lhe que descobriu a hipnose e que isso mudou a sua vida: a sua amiga terá subitamente entrado numa alucinação hippie-paranormal, ou será vítima de uma nova forma de esquema piramidal?
No entanto, a hipnose não se resume à fraude que vê na televisão. Amplamente romantizada pelos media e pelas histórias góticas da moda que apresentam médiuns em meio a perdas de controlo alarmantes, a hipnose é um verdadeiro processo terapêutico que tem efeitos médicos concretos, como aprender como adormecer.
O que é a hipnose?
A hipnose vem da palavra grega hýpnos, que significa sono. Estar hipnotizado é estar num estado modificado de consciência (EMC), um estado de transe muito sugestionável que se assemelha à meditação ou à sonolência. Não é nem um estado de sono, nem um estado de vigília.
Como funciona?
Quando estamos conscientes, somos regidas por uma lista de proibições sociais e psicológicas. Mas quando estamos hipnotizadas, a consciência é relegada para segundo plano. No seu lugar, o subconsciente (ou o inconsciente, dependendo se nos dirigimos a Freud ou Janet) está atento.
Pode-se sugerir ao subconsciente coisas que ele deseja fazer mas não consegue quando o consciente está ao comando. É uma espécie de empurrão psicológico que elimina bloqueios.
Um estudo de 2009 da Universidade de Liège mostrou que quando uma pessoa é colocada em estado de hipnose, a sua perceção dos estímulos (dolorosos ou não) diminui.
A utilidade da hipnose
Agora que está mais tranquilo, quais são os transtornos em que a hipnose pode ajudar? Deve consultar um terapeuta para mais detalhes, mas, em linhas gerais, há várias situações em que a hipnose deverá poder fazer algo por si.
- Para conseguir adormecer
Se tem insónias crónicas devido a problemas de stress, a hipnose pode ajudá-lo a acalmar essas preocupações. Podendo ser praticada com um terapeuta ou em casa em auto-hipnose, com a ajuda de metáforas e sugestões acalma a hiperatividade intelectual que o mantém acordado e pode até diminuir as dores físicas que o impedem de dormir.
- Para a dor
Hipnoanalgesia e hipnosedação podem complementar cuidados anestésicos para dores crónicas, para cirurgia dentária, mas também para partos (por exemplo).
- Para os transtornos digestivos
Alguns transtornos digestivos (nomeadamente devido ao stress) podem ser ajudados por uma sessão de hipnose, nomeadamente diarreias ou úlceras.
- Para problemas de peso
Para curar a bulimia, anorexia, mas também simplesmente para ter a determinação necessária para praticar desporto e cumprir imperativos culinários.
- Para deixar de fumar
Se quer deixar de fumar (seja tabaco ou cannabis), está no caminho certo, mas pode ter dificuldades com os sintomas da abstinência. A hipnose pode ajudá-lo a ultrapassar esta fase, especialmente sabendo que há 80% de sucesso!
- Para os transtornos psicológicos ou psicossomáticos
Pensa-se primeiro no stress, mas não é só isso: fobias, ansiedades, problemas de memória ou timidez, impotência ou frigidez, mas também eczema (que se encontra frequentemente em crianças pequenas que não conseguem expressar o seu sofrimento), asma, etc.
Atenção, no entanto, para não depender da hipnose para doenças graves que não têm nada a ver: corre o risco de acabar como Steve Jobs (que tentou curar o seu cancro do pâncreas com frutas) e Bob Marley (que decidiu ignorar a gangrena que tinha no dedo do pé graças à cannabis). No que diz respeito à desintoxicação de drogas pesadas, às doenças psicológicas graves (esquizofrenia, entre outras) e às doenças mortais (cancros de todos os tipos), não pode prescindir dos tratamentos clássicos.
As categorias de hipnose
- A hipnose tradicional: esta técnica centra-se no hipnotizador, que dá ordens e sugestões diretas. O hipnotizado é passivo e deixa-se guiar.
- A hipnose semi-tradicional: como a hipnose tradicional, o hipnotizador emite sugestões diretas, mas também pode usar metáforas e sugestões indiretas.
- A hipnose ericksoniana: esta técnica baseia-se na utilização de metáforas e estímulos verbais. O hipnotizador atua como guia para que o sujeito encontre por si mesmo a solução para os seus problemas.
- A nova hipnose: esta técnica baseia-se na troca entre o hipnotizador e o hipnotizado e explora os sonhos do paciente.
Quem pode ser hipnotizado? Quem pode hipnotizar?
A resposta a estas duas perguntas é a mesma: toda a gente. Algumas pessoas têm mais facilidade em atingir o EMC, mas toda a gente tem o potencial para o conseguir se estiver nas condições certas... e se estiver de acordo em ser hipnotizado! Segundo um estudo da universidade de Stanford, 5% da população é resistente à hipnose, e 10% são capazes de atingir mais rapidamente um estado alterado.
Pode aprender as técnicas de hipnose num livro ou através de estudos de medicina e psicologia, mas também pode auto-hipnotizar-se com a ajuda de guias ou gravações áudio.
É perigoso?
A hipnose é absolutamente segura.
O subconsciente é uma entidade honesta: contém a verdadeira personalidade do sujeito e não se pode fazer com que ele faça o que não quer fazer. É por isso que em nenhum caso a hipnose faz perder o controlo de si próprio. Se o hipnotizado receber uma sugestão contrária aos seus valores morais profundos (ou mesmo se, simplesmente, não quiser mesmo nada disso), sairá imediatamente do seu transe. Será ainda mais difícil (ou mesmo impossível) rehipnotizar essa pessoa, pois ela terá perdido toda a confiança no seu hipnotizador.
Até hoje, não existe na literatura científica qualquer efeito indesejado que possa ser inequivocamente atribuído à hipnose. Há tão pouco perigo em hipnotizar-se ou auto-hipnotizar-se como em tirar uma sesta!
As etapas da hipnose
- A indução
Também chamada de «confusão controlada», é a primeira etapa da hipnose. Consiste em dissociar o hipnotizado do seu ambiente imediato para lhe permitir abstrair-se e deixar-se levar pela sua imaginação.
- A dissociação
Graças a elementos visuais, auditivos e cinestésicos, fornecem-se ao hipnotizado elementos para construir um mundo imaginário no qual se sentirá suficientemente seguro para se deixar levar. Pode então fazer um balanço da sua mente e tornar-se suficientemente lúcido para encontrar uma solução para o seu problema.
- A ancoragem
O hipnotizador pode associar a entrada em transe a uma palavra, um gesto ou um som, para facilitar e acelerar a entrada em transe do sujeito em sessões seguintes.
- A vigília paradoxal
Nesta fase, o paciente normalmente consegue reconciliar-se com o seu problema contrariando-o com as suas capacidades, que examinou durante a dissociação.
- O despertar
Ao sair da hipnose, o hipnotizado torna-se totalmente lúcido e consciente.
Hoom Band: histórias imersivas para adormecer... inspiradas na hipnose
A hipnose ajuda a interromper os pensamentos e cria um estado ideal para adormecer bem. Por isso lançámos o projeto Hoom, uma biblioteca de histórias hipnóticas imersivas e ambientes relaxantes disponíveis numa aplicação móvel, para ouvir com a faixa áudio Hoom Band, especialmente concebida para o sono.
Reunimos hipnoterapeutas, sofrologistas, médicos do sono e outros especialistas para conceber e gravar este conteúdo áudio inédito, para ouvir ao adormecer!
Pode descobrir o projeto HoomBand: Hipnose para dormir, na nossa loja Livlab!
E para ter uma amostra das histórias, pode ouvir em exclusivo no YouTube a nossa «Viagem pelo espaço» aqui mesmo:
Oda e o Dodo Maravilhoso: uma solução para crianças com insónias
Como uma técnica inofensiva e totalmente natural baseada no poder da imaginação, a hipnose parece ser uma técnica de eleição para tratar problemas de adormecimento das crianças. Por isso criámos Oda e o Dodo Maravilhoso, um livro baseado nos trabalhos do psicólogo sueco Carl-Johan Forssén Ehrlin, para ajudar a adormecer os seus filhos.
No livro, a indução é manifestada pela descida da longa escadaria. É uma metáfora para a descida ao fundo do inconsciente — as metáforas são uma das ferramentas-chave da hipnose que permitem dar um fio condutor a uma sessão enquanto fazem o paciente visualizar.
As ilustrações visuais e auditivas ajudam as crianças a imaginar um ambiente propício para adormecer no seu quarto. Ao longo da aventura, adjetivos específicos são repetidos para sugerir à criança um grande cansaço e uma necessidade iminente de dormir.
Sugestões, metáforas e injunções — todas estas ferramentas são utilizadas para relaxar o seu filho e permitir que se dirija suavemente para o sono com segurança. Pode descarregá-lo aqui!
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